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“O belo do deserto é que ele esconde um poço nalgum lugar”
No evangelho do primeiro domingo da quaresma, a Igreja nos convida a meditar sobre o deserto. Mateus nos coloca no deserto dizendo explicitamente que “Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto".
O deserto para os judeus
Ė bom lembramos que o deserto é, no imaginário judaico, o lugar da "prova" onde eles experimentaram, por diversas vezes, a tentação do abandono de Deus e do seu projeto de libertação/ Mas não podemos esquecer que o deserto é também, o lugar do encontro com Deus, onde o Povo Israelita fez a experiência da sua fragilidade e pequenez e aprendeu a confiar na bondade e no amor de Deus.
Resumindo: sim o deserto é o lugar da provação, onde seremos tentados a desistir, mas é especialmente o lugar de encontro com Deus, onde ele se revela à nós e na sua vontade.
"Por isso te atrairei, e te conduzirei ao deserto e lhe falarei ao coração" Oséias, 2,16
E para nós?
Ao meditar sobre isso me perguntei: Será que já não estamos nesse deserto? Os últimos acontecimentos não têm deixado tudo árido em nossa volta? Ainda estamos vivendo os efeitos de mais 2 anos de Pandemia, num contexto de guerras, leis e acontecimentos que atingem a dignidade humana, de ideologias querendo tomar o lugar de Deus… tudo está tão seco e sem vida que nossas “almas estão violentamente perturbadas pela sede." (Eclo 51, 32)
Hoje me uno à samaritana e clamo: “Senhor onde posso encontrar essa água viva?
Assim o Padre Felipe Zanotto, padre da comunidade Recado em uma das suas homilias na quaresma do ano passado nos lembrou um trecho do Livro Pequeno Principe que nos diz:
“O belo do deserto é que ele esconde um poço nalgum lugar” (Antoine de Saint-Exupéry)
Talvez estejamos perturbados pela sede que o deserto tem gerado em nós. Mas hoje quero convida-lo para que a cada passo nesse deserto estejamos certos de que estamos caminhando para encontrar a verdadeira fonte de agua viva, para assim saciarmos a nossa sede. E essa fonte jorra do Coração de Jesus que foi transpassado por nós na Cruz, no momento onde acreditávamos que tudo estava perdido, desse coração jorrou sangue e água.
Caminhemos juntos, sem fugir do deserto, pois ele esconde o nosso bem mais precioso, o nosso Oásis: O Coração de Jesus.
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